sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sentido geográfico de sertão: tudo aquilo que não é banhado pelo mar.

A brisa batia no seu rosto. Com os olhos fechados, você deixava o cheiro de sal que vinha do mar te envolver em lembranças. Sua expressão era serena, e eu queria saber em que você pensava. E foi quando você abriu os olhos, e sem olhar para mim, você disse: "Gosto de guardar você na minha mente. Tenho te fotografado muito com os olhos." Você voltou seu olhar observador para mim, sorriu e piscou os olhos apertadamente "Sorria. Tic!"
Acordei com a luz entrando por uma fresta da janela, que ia direto no meu rosto. Havia tido o mesmo sonho três vezes essa semana. A saudade que eu tinha de ti era grande e acumulava. Isso me deixava cada vez mais seca. Simplesmente, seca. E eu não sabia quando te veria novamente.
Sempre achei que eu era mar, mas depois que te conheci, me tornei céu. E agora que você se foi... Eu sou sertão, sem sequer uma brisa e sem previsão de chuva.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A glória de uma flor.


Avistava nos teus olho
brilho de uma galáxia
Que não haveria de apagar
Nem sequer por um segundo

E em cada suspiro
Escondia a agonia da vida
Que não haveria de lhe abandonar
Ao menos antes da terra a devorar.

A garota era sensível
E carregava a glória de uma flor
Que apesar de sua belez a e perfume
Não estava livre da dor.

Buscando esperança em cada esquina
Acabou se perdendo na avenida dos condenados
E cansada de andar sem 
Pa
rou de se questionar
Para achar seu lugar no mundo.

Aos poucos se esqueceu do seu nome
E a conotação das cores
Se subordinando à uma rotina de horrores.

A menina agora guarda a angustia
Sem esquecer a agonia, de ainda estar viva
E ás vezes um suspiro, é na verdade um apelo
Silencioso e tormento.

Tentou buscar esperança, no voo dos pássaros
E ao se jogar do penhasco
Notou que não tinha asas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Por pura ansiedade;
Perdi o controle do que poderia ser tranquilo;
E agora sem qualquer tipo de piedade;
A vida me castiga e me faz sentir um lixo.

Tempestade.

Eu oscilo feito o mar;
E não sei do que sou feita;
Pois qualquer suspiro meu;
Se torna brisa;
E o maior pesar do vento;
É o de não possuir cor;
Pois de nós, o perfume ele já roubou;
E acompanha o tom;
De cada canto, cada pássaro;
Ocupando todos os cômodos;
Todos o meus buracos;
Que foram causados pelo tempo áspero.

sábado, 15 de setembro de 2012

Saudade de ter vontade.

Vontade de fazer poesia;
De fazer amor com um desconhecido;
De acordar no fim do dia;

Vontade de não fazer nada;
De nadar de branco no rio;
De deitar pelada no chão, apenas para sentir frio;

Saudades de correr descalça;
De plantar um lírio o jardim;
De não conseguir ver o fim estrada;

Saudades de cantar, sem desafinar;
De ver as formigas roubarem o açúcar;
De amar a ponto de fazer minha pele arrepiar.

Elogio à ela.


Garota o que é isso que está acontecendo?
Era tudo uma brincadeira;
Fingimento de uma paixão ardente;
E agora, acho que estou me envolvendo.


Você chega nos teus passos;
Cambaleando com um sorriso;
E penso:
Quero caminhar apenas contigo;
Garota, isso é proibido?


Permita-me deitar em teu colo;
Mergulhar meus dedos em teus longos cabelos negros;
Gostaria de explorar seus poros;
E no fim poder dizer sem medo;
“És a mais bela flor do meu jardim”


Garota, tenho vontade de ir até você;
Como um beija-flor ao avistar a doce flor;
Deite-se comigo nesse anoitecer;
Te dou quantos cigarros quiser;
E te faço chá de canela e cafuné;

Oh! Garota, o relógio é cruel comigo;
A tua ausência tem gosto amargo;
Teus beijos são vinho tinto;
Venha me embebedar;
Venha me embriagar com teu perfume;
Vem me amar;
Garota você carrega no olhar.
A volúpia, o meu pesar;


Mas o que me encanta são seus olhos;
Teu olhar cerrado e obtuso;
Eu desvio meu olhar do teu sempre que posso;
Para não cair nesse labirinto que é sua alma;
Nesta travessia curva e abstrata;


Você me deixa em aquarela;
Me desmancho por ti;
E só me (re) mancho ao te ver sorrir.

sábado, 30 de junho de 2012

Mil histórias para contar de vocês;
Esperando o toque do seu olhar;
Para a gente voltar a viver juntinho;
Como era antes, dela cruzar no teu caminho.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

Olhando as estrelas;
Fiquei a pensar;
E pude ver com clareza;
Meu sonho não era voar;
Era ficar pregada, colada no céu;
Feita aquela poeira que ilumina, minhas noites tormentas;
E pude concluir, que se eu pudesse permanecer ali;
Tudo seria mais fácil;
Porque passar a noite a observar;
Qualquer coisa que não fosse meu reflexo;
Talvez me deixasse mais perto, de ser feliz;
Pois passar tanto tempo olhando;
Para as pessoas mundo afora;
Certamente não sobrava tempo para os problemas próprios;
Esses com letra maiúscula, que assombram as pobres almas escuras;
Porque é muito mais fácil encontrar soluções para o problema dos outros;
Que olhar para si mesmo.

Ah, esquece um pouco esse cigarro, que eu me mudo pro teu canto e beijo a face tua. E teu lábio me chama, faz charme e faz manha. Vou roubar outro beijo teu. E se ficar surpreso com minha ousadia, vou logo sumo e fujo. E só te vejo no outro dia.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ás vezes você chega;
E age como se nunca me viu;
Mas tem vez que você se aproxima;
Me abraça e me cheira;
E vira um amante viril;
Para que tanta incerteza?
Por favor fica, ou me deixa.
Você poderia ser meu segredo;
Te mostraria o que tem por trás;
Do aroma de maçã com canela;
Mas to te vendo com outra;
Então me esquece e fica com ela.
Essa noite, ao te ver com ela;
Pude ver bem, que apesar de sólida;
Meu interior é fino, feito vidraça;
E fiquei em cacos no meu caos silencioso;
Que me despedaçou no meio público;
Um comportamento rude de tão bruto;
Você sorria para ela, como eu sorria para você;
E como você sorria para mim, quando eu fechava os olhos;
Mas agora o coro canta;
"A menina está quebrada, no meio da fábrica";
E dentro de mim, está vazio;
Faz eco quando penso;
Você não é mais meu amante viril;
Mas chega de lamentar;
Pois eu sei, que apesar de despedaçada;
Sou patética e inutilizada;
Porque ainda acredito, que o meu sol;
Será o mesmo que o teu;
É, fodeu.

sábado, 23 de junho de 2012

E as pessoas me perguntam;
"O que aconteceu?";
Eu sorrio e omito;
Mais uma vez meu coração partido;
"Estou com sono",
Sempre digo;
Cansada de ter tantos olhos;
Me analisando.
Fica comigo;
Além do fim desse disco;
E se acabar a música;
A gente canta.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Li no jornal hoje cedo;
Potências falidas;
Pessoas falecidas;
Locais devastados;
Olhei para o lado;
E vi através da janela do meu quarto;
Crianças brincando de roda;
Uma árvore torta;
Pássaros cantando;
Velhinhas conversando;
Quando eu for jornalista;
Vou tentar provar;
Que ainda há poesia;
Até mesmo no caos;
Que hoje o mundo domina.
Tua carne te torna tão mortal;
Mas ainda assim;
Você faz uso daquilo que te faz mal.
Se faz essencial;
A essência do insano.

Se lembre de mim.

Avistei uma garota na ferroviária, o que era incomum, já que sempre estava vazia. Abandonada e esquecida, para dar espaço as novas tecnologias. Mas aquela garota parecia bem confortável, certamente estivera ali antes, e parecia que também havia sido esquecida.
Sua imagem sentada naquele banco, olhando atentamente para a ferrovia enquanto tragava e exalava teu Camel - há quanto tempo não via um Camel? Pensei em lhe pedir um, mas rapidamente apaguei essa ideia-. Aquela garota era um poema e quis fotografar aquele momento. Congela-lo. Mas não possuía uma câmera, nem mesmo um celular.
Olhei para a ferrovia e tentei entender o que ela tanto procurava, e logo avistei um rapaz se aproximando e compreendi: era um reencontro. Me aproximei e fiquei quieto, para ouvir o que se passaria.
A garota levantou num salto e o aguardava. Acendeu mais um Camel. "Gabrielle!", exclamou o rapaz, que finalmente tirara o cigarro da boca. A garota sorriu. "Pablo!", e o abraçou.
Sentaram no banco e mantiveram o olhar preso na estrada de ferro, e se fez silêncio. Mas então o rapaz se manifesta:
-Faz muito tempo.
-Sim.
-Você não mudou muito. Isso é bom.
-Apenas o externo, meu caro.
-Mas sua essência é a mesma. Nota-se.
Gabrielle sorriu e deitou a cabeça no ombro de Pablo. Fez-se silêncio novamente. Mas por pouco tempo. Pablo parece inquieto e pergunta:
-Quando você volta?
-Daqui dois dias.
-Hm entendo. -Suspira e não diz nada por cerca de 3 minutos.- Não pode ficar mais?
-Posso. Mas acho melhor não. Você deveria compreender.
-Deveria -Respira fundo.- Mas você se lembrou de mim? Em algum momento...
-Ainda insiste nisso?- Ri para si mesma- Mas me desculpe, não me lembrei de ti.
-Nenhuma vez?
-Não.
O rapaz se levantou e fitou o nada, intercalando entre olhar para chão e fechar os olhos. Virou teu olhar para ela, e dessa vez foi Gabrielle quem falou:
-Acho que você deve ir embora agora.
-Até logo Gabrielle.
-Até.
Ele estava saindo, até que se virou e -parecia indignado- questionou:
-Nenhuma vez?
-Como poderia me lembrar?
Gabrielle deu um longo suspiro, e terminou:
-Se nunca parei de pensar em você.
Pablo sorriu e era Gabrielle quem agora observava o piso sujo. Ele se aproximou, e cuidadosamente segurou rosto da garota envergonhada com as duas mãos e a beijou. Depois foi embora com pensamento preso naqueles olhos que um dia voltariam. E que quando voltasse estariam prontos para assumir o que sentia.
Gabrielle continuou sentada no banco por algum tempo a mais. Parecia fazer força para não chorar, e por fim se levantou e seguiu na direção contrária da de Pablo. Repetindo para si: "Não vire, continue andando. Você já fez isso antes." Ela era a mais destemida e ousada de todas. Dizer não para o amor, é prova de coragem. Ou loucura.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poema da saudade.

Sinto falta daquelas tardes serenas;
Que passávamos sentados naquela pedra;
Gélida;

Sinto falta do seu sorriso torto;
Daqueles suspiros ocos;
Quero tudo de novo;

Sinto falta do som das cigarras;
De guardar minhas garras;
Que já não servem para nada;

Sinto falta daquela música de verão;
Da areia servindo de chão;
E dos sonhos que agarrei com minhas mãos;

Sinto falta das noites que tomávamos chá;
Que você dizia que não ia me abandonar;
E eu, boba, acreditei que você ia ficar;

Sinto falta do passado;
Que voou feito pássaro;
E encontro em cada passo que dou;
A tentativa de aceitar que você se foi.


domingo, 17 de junho de 2012

E de que vale estar em vida;
Se não há rima;

A poesia está morta;
E de nada vale continuar por linhas tortas;

Queria trazer de volta o romantismo;
Mas nada mudaria;
Pois hoje prevalece o ceticismo.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Menina canário

A menina é tão pequenina;
Que me faz querer guarda-la;
Dentro de um potinho de vidro;

Ela possui uma visão diferente;
Em relação a esse e outros mundos;

E talvez seja por isso;
Que seu sonho seja voar sem rumo;

Esquece aquele vidrinho;
Porque teu lugar é nas nuvens;
Voa canarinho, voa.


 (Para Paula Hayashida)

terça-feira, 12 de junho de 2012

E talvez você pense;
Que escrevo com teu nome em minha mente;

Mas não se deixe enganar;
Muitas vezes escrevo, sem nem ao menos pensar;

Tudo flui para a página;
E percebo que na minha cabeça;
Não há nada;
É na minha mão que se escondem as palavras.
De repente sinto teu cheiro;
Que me lembra cigarro e incenso;
E me faz perceber;
Que há saudade no meu peito.
As cigarras cantam de tarde;
Sem sequer saber;
Que anunciam a chuva;

E a cantoria vai continuar;
Até o dia nascer;
Com as flores orvalhadas;
Deixando meu jardim;
Com a lembrança do sereno;

Talvez a vida possa ser serena.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Visita da volúpia.

Faça teu café forte;
Que eu vou te visitar;
E não precisa tentar manter qualquer tipo de porte;
Porque eu estou disposta a te devorar;

Chegue perto e me domine com teu toque firme;
Que meu corpo quer teu carinho;
E já me esclareci com o auxílio de um cachimbo;
Que o meu desejo não é nenhum crime;

Esqueça teu olhar no meu seio;
Enquanto a volúpia controla a sua mente;
Que sem qualquer tipo de receio;
Irei te fazer gemer o que sente;

Apetite ou carência;
Isto já não faz diferença;
Porque em nosso olhos;
Se estamos separados, são apenas reticências;

Pega teu melhor cigarro;
Acenda seu incenso;
Porque vamos dar vida ao nosso caso;
Enquanto o mundo perde o censo.

Cambaleia querido.

Após uma tarde de maravilhas;
E questionamentos sobre a veracidade do acontecido;
Meus devaneios se confundem com minhas lembranças;
Deixando-me em estado de guerrilha;

E para combinar com meu emocional inseguro;
Você se guardou em seu mundo;
Onde não posso intervir;
Apenas espero você sair do seu casulo;
E vir sorrir para mim, de novo;

E se a saudades não tira férias;
Vou ter de suportar as sinestesias;
Eu mantenho minha quimera viva;
Sustentada na lembrança daquele dia;
Oh! Minha memória divina;

Mas meu medo maior;
É de que no fundo da realidade desse sentimento;
Apenas eu esteja disposta;
A juntar nossos sedimentos;

A verdade é que não importa;
Além do fim desta página;
Além do compasso do relógio;
Eu te assistirei cambalear em teus passos;
Sussurrarei para o vento, o fato que não quero;
"Faça seu caminho querido, que eu te espero."

terça-feira, 8 de maio de 2012

Eu sonho com o dia que poderei escorrer pela tua boca, feito suco do fruto proibido. O fazendo esquecer da origem de teu prazer, e que o faça aclamar, acabando por te provocar. Nossos corpos já nus e fundidos, se alimentarão da fúria por tanto ter esperado, e usufruirão do gozo caloroso que escorrerá por entre nossas entranhas. Irei te fazer velejar dentro de seu inconsciente, e murmurar seus desejos repreendidos. Permitirei que toque meu corpo, e com volúpia reagirei aos seus instintos. Venha, meu eterno cativador, se entregue a nossa perdição, pois meu corpo já grita e não aguenta mais ficar sem suas mão.
No fim, eu te acenderei um cigarro e não te tratarei com escárnio. Apenas me permita provar do seu suco, e comigo, meu querido, você pode tudo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O conto do individual.


Cada um carrega a culpa dentro de si, de ser-se e de ver-se.
Cada um carrega a sombra do anonimato, da vida, do ser.
Cada um esconde a alma, a calma de ser seu. Aguente a beira do insuportável, o seu eu.
O sorriso esconde a raiva e busca o raio no meu sol, no teu sol.
A sua parte te invade e você sai pela cidade para se esquecer.
Mas o seu cheiro é forte demais, você ainda está ali.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Declínio.

Olhando para lugar algum;
A garota permaneceu ali;
Sentada e intacta;
Pensando sobre o que poderia ser tudo;
O que poderia ser nada;
Até mesmo parecendo ser uma estátua;

Sua mente navegava em nostalgia;
Eram águas calmas porém escuras;
Ela sabia o que guardava dentro de si;
Até uma certa profundidade;
Jamais arriscara se conhecer a fundo;
Pois imaginava os efeitos da crueldade do mundo;

O tempo passou naquele banco de praça;
O tempo passou desde a última vez que seu coração batera assim;
Mas a garota não mudou;
Ela continuava a escrever, dia após dia;
Em busca de respostas;
Na esperança bruta de que suas palavras se soltassem do papel;
E fossem em busca de alguém para compartilhar suas desventuras;

Mas quem diria?
Os ponteiros lhe trouxeram um presente;
Mais uma futura nostalgia que ficará em suas lembranças adormecidas;
Mas que agora se faz pulsante em suas vias.