sábado, 4 de abril de 2015

É apenas dor. Um incômodo inoportuno que fica me atrapalhando a respirar. Às vezes acho que fraturei a costela, mas apesar da dor seguir meu fluxo respiratório, eu sei muito bem de onde ela vem.
Estúpido músculo involuntário, além de não me consultar quando eu quero que ele pare de bater, agora deu pra começar a se apegar sem nem mesmo se preocupar com a minha estrutura restante.
Como poder algo tão egoísta me habitar? Só se importa com seu querer, e eu nem mesmo sei se ele possui qualquer dever. Só fica ali me batendo, a cada compasso, um pouco mais sufocante.
Já cansei de tentar argumentar, o maldito não me escuta por não possuir ouvidos. Já tentei parar de respirar para ver se assim consigo sua atenção, mas é fruto da pirraça e pra piorar ele dispara.
Maldito coração! Se entrega tão rapidamente que seus critérios não têm sido o suficiente para me poupar. Ele ainda não sabe, mas assim que puder, dou outra moradia pra ele e coloco uma bomba relógio no lugar. Porque é melhor viver sabendo seu tempo limite de vida com a ajuda dos ponteiros, do que morrer sem saber como e porquê já que ninguém entende a estúpida linguagem e muito menos seus motivos.
Estou doando um coração, um pouco falhado, teimoso e suicida. Mas ele entende sobre alguns sentimentos e aflições, o problema principal é nossa falta de comunicação. Enquanto eu grito "para", coração tolo só faz "tum tum".
Você me machuca tanto e eu só me machuco por você.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Astronauta

Não gosto de meio termos, apesar de ser insegura, eu tomo uma decisão, um ponto de vista, uma definição, uma resposta. A impulsividade me ajuda a me posicionar, apesar de às vezes atrapalhar a minha apuração.
Mas o ponto principal é que não sei ficar esperando, se tenho uma dúvida procuro algo ou alguém pra me esclarecer. Se estou em cima do muro, junto o máximo de informações possíveis para então pular. Não gosto de me sentir dividida, sei que sou rachada mas ainda consigo me manter e enquanto continuar com alguns pedaços em mim, não irei parar de me arriscar. Porque estar vivo é isso, é perder ou doar um pedaço de si para abrir mais uma abertura para receber o que há lá fora.
Posso parecer estar prestes a desmoronar, estar apenas as ruínas, mas eu sou mais que um quebra cabeça. Se acontecer d'eu perder minhas peças, mesmo que perca tudo, não me sentirei errada. É porque me abri tanto para o mundo que já não me cabe dentro dele. Ainda bem que nunca tive medo do Espaço e sempre fui adepta da capacidade de ser oceânico.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Um todo que é tudo, mas quase nada.

Eu nunca alterei o nome do meu contato no celular quando mudava o status de relacionamento com alguém. Não coloquei "escroto" quando terminava e muito menos "amor" (ou qualquer apelido) quando começava.
Quando percebi isso (é besteira, eu sei) me senti estranha, ainda mais porque notei que só chamava os meus bens de algo carinhoso quando estávamos em um momento nosso. Só nós dois.
Há alguns dias atrás pude entender, ao menos uma parte, do porquê disso. Sempre passei a vida tentando aprender a lidar com o fim logo no começo, porque guardo dentro de mim o meu segredo de saber que, em questão de tempo, o meu "amor" passará a ser um "escroto". Ou pior ainda, um estranho. Não dá pra ser assim tão... distante.
Sou extremista, queria alguém que me fizesse ser tudo ou prefiro ser meu nada. Não que isso seja culpa dele, para falar a verdade, a maioria das vezes a culpa é minha. Sou confusa demais, oscilo várias vezes no mesmo dia (podendo sair do chão até chegar em um planeta distante, e também sair deste corpo e atingir o fim do mundo), sem mencionar o meu constante medo de acabar machucada.
Errada eu quase sempre estou, não é difícil para mim ter de aceitar isso. Mas juntar os cacos de uma garrafa de pinga pode cortar os meus dedos e vai arder, ou -pior ainda- algum pedaço quebrado pode acabar ficado no seu bolso, onde você não vai notar, cuidar e nem mesmo se importar, mas me fará falta e mudará quem sou.
Eu não sou grangde coisa, já sei disso, mas é que finalmente aceitei que é isso, desse jeito, neste corpo que me formo. Com cada característica que tenho, boa ou ruim, me transformo em um alguém.
Peço desculpas por todos que posso ter machucado nessa minha ridícula obsessão por sair "intacta", mas eu não sei quantos cacos sobraram e não posso me perder totalmente.
A condição de se reinventar, para mim, parece impossível. Mais fácil te apagar da memória, fugir ou, simplesmente, não deixar acontecer. 
Não sou grande coisa mas sou tudo que tenho, tente entender.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Atire-me ao limbo
Faça-me ter medo
Deixe-me sentir frio
Até eu implorar por chamego

Eu já não consigo mais me libertar
Atada em nós
Sem voz para gritar
Apenas me lembro dos contras sem prós

Cada vez mais sufocada no peso de ser-se
Afundando à procura de ti
Acabo afogada por não te ter

Com saudade do teu toque há mais de uma semana
Desmanchando nossos sonhos sozinha
Convido estranhos para a minha cama
Em busca de qualquer mudança, aflita

Coloque tuas mãos por dentro da minha roupa
Quero esquecer o vazio que você deixou
Deixe trêmula minha fala
Arrepie meus sentidos
E finalize com meu andar bêbado
Ou esse meu fim torto

Eu que já não fumava
Virei boca de cinzeiro

Eu que não me importava
Não saio mais da frente do espelho

Passo os dias procurando meu engano
E a cada hora preciso me reinventar para não me entregar ao insano

Jogue-me no seu porta-malas
Não pense na bagunça que posso fazer
Ignore algumas coisas que te dizer
E quando duvidar do que sou olhe com cuidado para minha cara

Quando se cansar de novo
Abandone mas me dê álcool barato
E me espere adormecer antes de partir mais uma vez

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A calmaria nunca é plena;
E nem as tempestades;

Sempre estamos um pouco nas duas;
A procura de nós mesmos;
Sem saber que a gente nunca se encontra;

Dito, e só fica nesse barco;
Procurando conforto;
Mesmo que sem nome.