sábado, 16 de abril de 2011

A pupila denuncia.

- Por que você chora tanto? Há motivo para tanta dor?
- Gostaria que não tivesse. Gostaria de estar sorrindo ao invés de chorar, mas hoje eu não vou conseguir.
- Hoje?
- Eu havia fingido todo esse tempo. Pelo visto, você não havia notado. Fico feliz.
- Eu sabia que algo estava acontecendo, apenas não sabia que isso a fazia chorar escondido.
- Por que veio até aqui? Por que me procurou? Ou vai me dizer que veio parar aqui por acaso?
- Obviamente que não. Eu não costumo ficar no telhado de casas esquecidas.
- Então por que me procurou? Para me fazer tantas perguntas?
- Pensei que talvez quisesse conversar, explicar o que esta acontecendo. Em algum momento todos devemos expor nossos sentimentos.
- Você não expõe os seus para mim, por que deveria fazer isto com você?
- Você não deve, apenas queira talvez.
- Pois eu não quero, não consigo. Não agora.
- Por que não olha pra mim enquanto fala comigo?
- Porque você verá tudo que estou tentando esconder. Tudo escorrerá feito lágrima, palavras jogadas para você ler. Isto não pode acontecer.
- O que devo fazer para você olhar para mim? Eu quero te ajudar.
- Por que quer me ajudar?
- Porque eu te amo, você sabe disso.
- Sim eu sei. (apenas não é o suficiente).
- Então me diga, o que há?
A garota enxuga suas lágrimas e olha para ele. Resiste a vontade de começar a chorar novamente e fica observando seus traços perfeitos, como ela queria abraçá-lo, como ela queria dizer que o amava. Mas então ele quebrou o silêncio.
- Seus olhos são confusos. Um mistério. Esta tudo ai dentro eu sei, posso ver... Apenas não consigo ler. Olhos criptografados.
- Uma vez eu li que, quando vemos a pessoa que amamos nossas pupilas dilatam. Isto é verdade.
- As suas estão dilatadas.
E como em um filme da tarde de sábado, começou a chover, e ela desejou com todas as suas forças que chuva o tirasse de seu coração, que o fizesse escorrer junto de suas lágrimas. Mas parece que a chuva não era forte o suficiente para isso.

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