sexta-feira, 25 de março de 2011

Primeira pessoa, assumindo a terceira.

Ela estava desistindo. Desistindo dele, desistindo de ser algo ou alguém, desistindo de agradar, tentar, comer, respirar, amar e ser amada. Ela já havia desistido de rezar há muito tempo,desde que havia notado que a figura divina não passava de uma ilusão, uma invenção feita para consolar, mais uma superstição.
A vida havia sido cruel com ela, as pessoas eram frias e não conheciam a palavra "compreensão".
Era muita expectativa sob seus ombros, muitos esperavam mais do que do que era capaz de oferecer, e por muitos anos ela tentou agradar, mas agora ela era outra. Sua metamorfose havia sido violenta e contrastante, neste. momento ela vivia apenas para ela mesma e havia imposto diversos limites para se proteger, para chorar menos.
Seu lado barroco estava muito acentuado e isso de certa forma a agradava, esse seu lado obscuro, agonizante e dominado pela angústia da incerteza de saber quem era. As lágrimas fugitivas a faziam bem, porque afinal de contas, nunca havia vivido de outra forma.
Ela já sabia o que queria, apenas não tinha coragem para admitir para si mesma. Faltava-lhe coragem para aceitar. Ela já havia decidido que ficaria sozinha, pois gostava do silêncio, ou ao menos tentava se convencer de que era melhor assim

5 comentários:

  1. Você escreve muito bem, meus parabéns.

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  2. Você escreve muito bem,sério mesmo. :)

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  3. Texto lindo.
    ''Ela já havia decidido que ficaria sozinha, pois gostava do silêncio, ou ao menos tentava se convencer de que era melhor assim.''
    Gosto dessa insegurança tranquilizante que sempre passa em seus textos, pois sei que você sabe que não é a única a se sentir assim. Belo texto, Letícia.

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  4. quer saber? amo teus textos mesmo <3 obrigada por fazer minhas leituras melhores leticia

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  5. Muitas vezes o silencio esconde o medo de aceitar.

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